Présentation du blog / Presentazione del blog

« Questo blog nasce da una grande passione per la poesia e per i poeti di lingua portoghese. Qui troverete poesie e prose poetiche seguite dalla traduzione in italiano e francese ».

« Este blogue brota de uma grande paixão pela poesia e pelos poetas da língua portuguesa. Aqui vocês encontrarão poemas e prosas poéticas, acompanhados da sua tradução em italiano e francês ».

« Ce blog est né d'une grande passion pour la poésie et les poètes de langue portugaise et a pour vocation de vous les faire découvrir. Vous trouverez ici les poèmes, en vers ou en prose, de poètes de tous horizons, accompagnés de leur traduction en italien et en français ».


 ACTUALITÉS DU BLOG / NOTIZIE SUL BLOG



Arte Poética


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
Daniel Faria »»
 
Oxálida (1992) »»
 
Italien »»
«« précédent / Sommaire / suivant »»
________________


Arte Poética
Art poétique


A palavra despe-se
O silêncio despe-se

Nus
Os sexos ardem

Os seios da palavra
Os músculos do silêncio

O silêncio
E a palavra

O poeta
e o poema
La parole se dévêt
Le silence se dévêt

Nus
Les sexes brûlent

Les seins de la parole
Les muscles du silence

Le silence
Et la parole

Le poète
et le poème
________________

Caspar David Friedrich
Morgennebel im Gebirge \ brume matinale en montagne
(1808)
...

AUTEUR SUIVI / AUTORE SEGUITO



Nuno Rocha Morais

Nuno Rocha Morais (Porto, 1973 – Luxemburgo, 2008) foi um poeta português. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Ingleses) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1995.

Quando por fim se divisaram...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 116 / Sommario (117) / 118 »»
________________


Quando por fim se divisaram...
Quando infine si scorsero...


Quando por fim se divisaram
Os contornos do dia
Em que de todos os lados
A morte avançava;
Quando no corpo eclodia
O ser de insecto que também era,
Queimado pela agonia,
Tu só te preocupavas
Com a vareja das nozes e azeitonas,
Os enxertos no marmeleiro,
O quebranto da magnólia.
Com que doçura se extinguia
O teu coração de diospiro.
Era estranho que a minha avó,
Já quase alcançada pela morte,
Se não quisesse separar da terra.

Quando infine si scorsero
I contorni del giorno
In cui da ogni lato
La morte avanzava;
Quando nel corpo insorse
La natura d’insetto, anch’essa presente,
Bruciata dall’agonia,
Tu solo t’angustiavi
Per la mosca delle noci e delle olive,
Per le talee del cotogno,
Per la gracilità della magnolia.
Con che dolcezza s’estingueva
Il tuo cuore di diospiro.
Era strano che la mia nonna,
Già quasi raggiunta dalla morte,
Non volesse separarsi dalla terra.

________________

Camille Pissarro
La raccolta delle mele a Eragny (1888)
...

Não mudaram o rio de lugar, avó...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 115 / Sommario (116) / 117 »»
________________


Não mudaram o rio de lugar, avó...
Non han cambiato di posto al fiume, nonna...


Não mudaram o rio de lugar, avó,
Vê-se ainda da janela.
As três leiras estão desgrenhadas,
Três moçoilas casadoiras, mas tristes
Sem o cuidado das tuas mãos.
Este ano, lateja em vão
O calor do vinho no ventre das uvas
E da bouça não se vê
O teu rosto à janela.

Non han cambiato di posto al fiume, nonna,
Dalla finestra lo si vede ancora.
Le tre aiuole sono scompigliate,
Tre fanciulle da marito, ma tristi
Senza la cura delle tue mani.
Quest’anno, palpita invano
Il calore del vino nel ventre dell’uva
E dal campo non si vede
Il tuo volto alla finestra.

________________

Vilhelm Hammershøi
La finestra della stanza (1890)
...

Embora nos desanuvie a fronte...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 114 / Sommario (115) / 116 »»
________________


Embora nos desanuvie a fronte...
Benché ci rischiari la fronte...


Embora nos desanuvie a fronte
Esta chuva tardia,
Já não é tempo de discordarmos
Com um abraço exausto
E assim se recomeça, pela última vez,
A cena final de uma pantomina triste.
Estas mãos jazem, inumadas
Na deriva imóvel em que se vão mudando
Naquelas mãos, vestígios de um elo perdido,
Confluência de repousos, abandonos.

Benché ci rischiari la fronte
Questa pioggia tardiva,
Adesso non è il momento di opporsi
Ad un abbraccio esausto
E così si ricomincia, per l’ultima volta,
La scena finale di una pantomima triste.
Queste mani giacciono, sepolte
Nell’immobile deriva ove si trasformeranno
In quelle mani, memorie d’un anello perduto,
Confluenza di riposi, di abbandoni.

________________

Pam Glick
Hard Way VI (2022)
...

Suécia. Às três e meia da tarde...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 113 / Sommario (114) / 115 »»
________________


Suécia. Às três e meia da tarde...
Svezia. Alle tre e mezza del pomeriggio...


Suécia. Às três e meia da tarde,
Sem rodeios ou meridianos,
A escuridão apodera-se da realidade.
Nos parques, a neve foi parda,
O dia, uma película a preto e branco.
Tudo parece evitar a presença da luz
Para apaziguar uma treva interior, luterana.
«Abusámos da luz e julgámos que víamos.
Abusámos da luz e cegámos.
Abusámos da luz e perdemo-nos
De nós mesmos e dos outros.
Vai, escurece, encontra-te»,
Diz alguém, alguma coisa?
Sente-se como é máxima a gravidade –
Todas as coisas inapelavelmente chamadas
À terra pelo núcleo do seu peso,
Raízes em perseguição de um sono.
Nenhuma ilusão de voo,
A não ser talvez o canto de aves invisíveis
Ou as mãos de algum vento que deslizam
Sobre a ausência de um piano.
Sobre Estocolmo, o asfalto silencioso do céu.
Eis uma cidade que põe fim
À imensa solidão sôfrega
De ilhas que, num mesmo arquipélago,
Nunca se encontram, nunca se pertencem.

Svezia. Alle tre e mezza del pomeriggio,
Di punto in bianco,
L’oscurità s’appropria della realtà.
Nei parchi, la neve si fa scura,
Il giorno, una pellicola in bianco e nero.
Tutto sembra evitare la presenza della luce
Per attenuare una tenebra interiore, luterana.
«Abusiamo della luce e pensiamo d’aver visto.
Abusiamo della luce e ci abbagliamo.
Abusiamo della luce e perdiamo
Di vista noi stessi e gli altri.
Va’, oscurati, ritrovati»,
L’ha detto qualcuno, qualcosa del genere?
Si avverte come sia al suo culmine la gravità –
Ogni cosa è irrevocabilmente trascinata
A terra dal nucleo del suo peso,
Radici all’inseguimento del sonno.
Nessuna illusione di volo,
Salvo forse il canto di invisibili uccelli
O le mani di qualche vento che scivolano
Sull’assenza d’un pianoforte.
Sopra Stoccolma, l’asfalto silenzioso del cielo.
Ecco una città che pone fine
All’immensa inquieta solitudine
Di isole che, in uno stesso arcipelago,
Non s’incontrano mai né s’appartengono.

________________

Erik Tryggelin
Luci serali sul Karlberg Kanal, Stoccolma (1940)
...


Últimos Poemas (2009)

Ilustrações de Rasa Sakalaité




Edições QUASI