Présentation du blog / Presentazione del blog

« Questo blog nasce da una grande passione per la poesia e per i poeti di lingua portoghese. Qui troverete poesie e prose poetiche seguite dalla traduzione in italiano e francese ».

« Este blogue brota de uma grande paixão pela poesia e pelos poetas da língua portuguesa. Aqui vocês encontrarão poemas e prosas poéticas, acompanhados da sua tradução em italiano e francês ».

« Ce blog est né d'une grande passion pour la poésie et les poètes de langue portugaise et a pour vocation de vous les faire découvrir. Vous trouverez ici les poèmes, en vers ou en prose, de poètes de tous horizons, accompagnés de leur traduction en italien et en français ».


 ACTUALITÉS DU BLOG / NOTIZIE SUL BLOG



Despedida


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
Rui Knopfli »»
 
O País dos Outros (1959) »»
 
Italien »»
«« précédent / Sommaire / suivant »»
________________


Despedida
Adieu


Tudo entre nós foi dito.
Estamos cansados e tristes
neste outono de folhas pairando
e caindo.
Entre nós as palavras colocam um mundo de
silêncio e vazio estéril.
Os próprios sonhos se encheram de neblinas
e o tempo os amarelece.
Outono decisivo de folhas secas
e bancos abandonados de cimento frio
onde não cantam aves
e o vento desce em brandos rodopios.
Apenas uma vaga angústia presente,
uma saudade sem recomeços,
a lembrança tépida a gelar como
veios de mármore.
Tudo entre nós foi dito,
olhamos o apodrecer do parque,
o vento, o crepitar leve das folhas
e, sem ressentimentos, dizemos adeus
Tout a été dit entre nous.
Nous sommes tristes et fatigués
en cet automne de feuilles qui volent
et tombent.
Entre nous, les paroles rassemblent un monde de
silence et de vide stérile.
Les rêves eux-mêmes se sont remplis de brume
et le temps les a jaunis.
Automne décisif des feuilles sèches
et des bancs abandonnés de ciment froid
où ne chantent pas d'oiseaux
et où le vent descend en mols tournoiements.
Seule une angoisse vague est présente,
regret sans recommencement,
souvenir tiède qui va geler comme
les veines d'un marbre.
Tout a été dit entre nous,
et nous avons regardé la décrépitude du parc,
le vent, le crépitement léger des feuilles
et, sans rancune, nous nous sommes dits adieu.
________________

Umberto Boccioni
Les États d'âme I - Les Adieux, série 2 (1911)
...

AUTEUR SUIVI / AUTORE SEGUITO



Nuno Rocha Morais

Nuno Rocha Morais (Porto, 1973 – Luxemburgo, 2008) foi um poeta português. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Ingleses) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1995.

Normandia


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 141 / Sommario (142) / »»
________________


Normandia
Normandia


Todos os tempos entram na noite ao mesmo tempo:
Haroldus rex interfectus est,
Uma mulher saxã, com linho talvez plangente,
Começa a bordar a flecha que o derrubará.
Uma donzela será em breve
Aquela que em Rouen brulèrent les Anglois.
Na abadia de Jumièges, Agnès Sorel,
A dos seios perfeitos, a virgem de leite,
Morre, vítima do argento-vivo,
Favorita já trocada.
Nas ruínas imponentes, a única presença
É o aflar de asas, restos de histórias, de mistérios.
Nas margens do Orne, os confins do dia entram nas
 águas,
Ilhotes esbracejam em árvores jovens
O seu desespero, o seu desamparo.
Mais cedo ou mais tarde, a vida torna-se
Uma curva do rio e perde-se de vista.

Tutti i tempi entrano nella notte nel medesimo tempo:
Haroldus rex interfectus est,
Una donna sassone, su una tela forse infausta,
Comincia a ricamare la freccia che lo atterrerà.
Una donzella sarà tra breve
Quella che a Rouen brulèrent les Anglois.
Nell’abbazia di Jumièges, Agnès Sorel,
Quella dal seno perfetto, la vergine di latte,
Muore, vittima dell’argento vivo,
Favorita già rimpiazzata.
Tra le rovine imponenti, l’unica presenza
È un frullar d’ali, resti di storie, di misteri.
Sulle rive dell’Orne, i confini del giorno entrano nelle
 acque,
Isolotti fanno avvampare su giovani arbusti
Il proprio tormento, l’abbandono.
Prima o poi, la vita si trasforma
In un’ansa del fiume e si perde di vista.

________________

François Clouet (attribuito)
Ritratto di Agnès Sorel (1444)
...

Entrevista Póstuma


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 140 / Sommario (141) / 142 »»
________________


Entrevista Póstuma
Intervista postuma


(ou «o toledo de velhos é de arranca-sobreiros»)

Deu a doida ao paizinho –
A família que tinha
Deixou de lhe servir.
Calhou-lhe talvez mal
E sonhava com outra.

Tornou-se mais esquivo,
Mais azedo e secreto.
Num dia de Verão,
Levou-nos ao sapal
E matou-nos a todos.

(o «la pazzia rende i vecchi dei decorticatori di sughere»)

È uscito di testa il babbino –
La famiglia che aveva
Non gli serviva più.
Forse non ci stava più bene
E ne sognava un’altra.

S’era fatto più schivo,
Più scontroso e chiuso.
Un giorno d’estate,
Ci ha portati al pantano
E ci ha ammazzati tutti.

________________

Mattia Moreni
Autoritratto n.° 18 (1990)
...

Sente-se a tensão que antecede a trovoada...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 139 / Sommario (140) / 141 »»
________________


Sente-se a tensão que antecede a trovoada...
S’avverte la tensione che precede il tuono...


Sente-se a tensão que antecede a trovoada
Num país onde as rosas guardam as vinhas,
Porque pressentem as pragas
E as corolas adquirem as cores do alarme.
As aves voam baixo, quase em falso,
Rasam a iminência da tempestade,
Sopesam-lhe o volume e intensidade,
Mantendo-se sempre fora do seu alcance.
São artes que nós não temos.
Resta-nos esperar a peste.

S’avverte la tensione che precede il tuono
In un paese in cui le rose vegliano sulle vigne,
Perché ne presagiscono i flagelli
E le corolle assumono i toni del pericolo.
Volano basso gli uccelli, quasi al limite,
Sfiorano l’imminenza della tempesta,
Ne soppesano volume e intensità,
Mantenendosi sempre fuori portata.
Sono arti che noi non possediamo.
Non ci resta che aspettare la peste.

________________

Jules Bastien-Lepage
La vendemmia (1880)
...

Não me conheces, não te conheço...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 138 / Sommario (139) / 140 »»
________________


Não me conheces, não te conheço...
Non mi conosci, non ti conosco...


Não me conheces, não te conheço.
Acontece que nos cruzamos todos os dias
E partilhamos durante cinco minutos
O mesmo segmento do caminho.
Não quer dizer nada, eu sei.
Mas começo a conhecer-te a roupa
E os sinais da tua beleza amarrotada
Pela falta de sono, cujas cinzas frias
Permanecem no teu rosto;
Ou talvez seja outra coisa, outro agente
Que não a falta de sono
Nessa tua vida, de que apenas vejo
Cinco minutos por dia, cinco vezes por semana.
Claro, nada a dizer, a asa de nenhum pretexto,
A não ser, certa manhã,
Chuvosa sem razão nenhuma,
Uma opressão surda em mim
Enquanto julgo que já não vens –
Mas, de súbito, passas a correr
E de um salto entras no autocarro,
Perfeita imagem do amor.

Non mi conosci, non ti conosco.
Succede che c’incrociamo tutti i giorni
E per cinque minuti condividiamo
Lo stesso tratto di strada.
Non significa niente, lo so.
Ma comincio a riconoscere i tuoi abiti
E i segni della tua bellezza maltrattata
Dalla mancanza di sonno, le cui fredde ceneri
Permangono sul tuo viso;
O forse è qualcos’altro, un agente diverso
Dalla mancanza di sonno
In questa tua vita, di cui non vedo che
Cinque minuti al giorno, cinque volte la settimana.
Ovvio, niente da dire, non c’è bisogno di scuse,
Se non che, una certa mattina,
Piovosa senza ragione alcuna,
Una segreta angoscia in me
Al pensiero che ormai tu non verrai –
Ma, d’un tratto, tu passi correndo
E con un salto sali sull’autobus,
Perfetta immagine dell’amore.

________________

Lisa Turner
Bus Stop (2021)
...


Últimos Poemas (2009)

Ilustrações de Rasa Sakalaité




Edições QUASI