Présentation du blog / Presentazione del blog

« Questo blog nasce da una grande passione per la poesia e per i poeti di lingua portoghese. Qui troverete poesie e prose poetiche seguite dalla traduzione in italiano e francese ».

« Este blogue brota de uma grande paixão pela poesia e pelos poetas da língua portuguesa. Aqui vocês encontrarão poemas e prosas poéticas, acompanhados da sua tradução em italiano e francês ».

« Ce blog est né d'une grande passion pour la poésie et les poètes de langue portugaise et a pour vocation de vous les faire découvrir. Vous trouverez ici les poèmes, en vers ou en prose, de poètes de tous horizons, accompagnés de leur traduction en italien et en français ».


 ACTUALITÉS DU BLOG / NOTIZIE SUL BLOG



A bicicleta


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A bicicleta
La bicicletta


A bicicleta brilhava no deserto.
Dourada, era um bicho.
Magra, buscava as tetas da mãe
quando se perdeu.
A bicicleta e sua solidez de areia,
sua solidão de ferrugem
e seu olho manso e manso.
Tivera umas asas,
esfinge.
Tivera uma voz,
sereia.
Animal mítico,
pedais, semente, umbigo:
pedaço de sol,
um deus enterrado no deserto.
La bicicletta brillava nel deserto.
Dorata, era un animaletto.
Magra, cercava le tette della mamma
quando s’era perduta.
La bicicletta e la sua solidità di sabbia,
la sua solitudine di ruggine
e il suo occhio così mansueto.
Aveva delle ali,
sfinge.
Aveva una voce,
sirena.
Animale mitico,
pedali, semente, ombelico:
pezzo di sole,
un dio interrato nel deserto.
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Foto di Joan Palau
Passeig Sant Joan, 108, Barcellona « Casa Macaya » (1901)
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AUTEUR SUIVI / AUTORE SEGUITO



Nuno Rocha Morais

Nuno Rocha Morais (Porto, 1973 – Luxemburgo, 2008) foi um poeta português. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Ingleses) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1995.

Gaudí


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Gaudí
Gaudi


Da cidade encontrou o corpo –
As suas artérias têm tanto de ruas
Como de passo grácil, garoupa, lombada.
Não aprisionou leis, não as subjugou,
Mas criou na pedra, no ferro,
As forças para que elas se exercessem –
As leis da geologia, da biologia, da botânica,
O movimento das fibras, fustes, hastes,
No centro de uma pedra orgânica, elástica, proteica,
Uma pedra que é vide, medusa, cogumelo, chama,
Intumescências que parecem recusar qualquer traça
E cuja revolta é também ela disciplina,
Alheia a bocejos, adiposidades,
Uma vontade que é gerada no perfeito equilíbrio
Entre estática e dinâmica,
Acalanto e diatribe,
Flora e fera.
...

Il a découvert le corps de la ville –
Ses artères ont autant de rues
que de voies graciles, rascasses, vertèbres.
Il n'a pas fait prisonnier, mis sous le joug,
Mais a créé de pierre, de fer,
Les forces pour qu'elles s'exercent –
Les lois de la géologie, de la biologie, de la botanique,
Le mouvement des fibres, des futs, des jambages,
Au centre d’une pierre organique, élastique, protéique,
Une pierre qui est vide, méduse, champignon, flamme,
Intumescence qui semble récuser toute armature
Et dont la révolte est aussi la discipline,
Étrangère aux bâillements, aux adiposités,
Une volonté qui est générée dans un parfait équilibre
Entre statique et dynamique,
bercement et diatribe,
Flore et fauve.
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Antoni Gaudí
Casa Batlló (1905)
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Em Chartres


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Em Chartres
À Chartres


A chuva sobre o rio
Provoca pequenas erupções
Na superfície das águas,
Formando uma sucessão de anéis
Que se expandem e desvanecem,
Como portas abrindo para mais portas,
Como enigmáticas gravuras em movimento,
Discos serpenteando por paredes fúnebres,
Vidas inteligíveis apenas
Para a pedra e para os mortos,
Vidas extintas sem ruído, devoradas
Por sucessão e metamorfose.

La pluie sur la rivière
Provoque de petites éruptions
À la surface des eaux,
Formant une succession de boucles
Qui s'étendent et qui s'effacent,
Comme des portes ouvrant sur d'autres portes,
Comme d'énigmatiques gravures en mouvement,
Disques serpentant au travers de parois funèbres,
Vies à peine intelligibles
Pour les pierres et pour les morts,
Vies qui s'éteignent sans bruit, dévorées
par succession et métamorphose.

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Wassily Kandinsky
Etude de couleurs : Carré avec cercles concentriques (1913)
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A « Nova » Europa


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A « Nova » Europa
La « Nouvelle » Europe


Por exemplo, as jovens estónias,
Para quem o futuro foi um conceito ilegal,
Têm pressa, pressa de tudo.
Para elas, o tempo é, de facto,
Uma relatividade do espaço,
Que bebem em longos tragos –
Hoje, Paris, amanhã, o Nepal,
Depois de amanhã, a Austrália.
Não se querem enredar em nada,
Nem Deus, nem amor, nem casas.
Aprendem a exprimir sentimentos em francês
Servidos por um escanção,
Mas gostam de dizer que não têm alma,
Nunca tiveram – proibida durante décadas,
Acabou por definhar, desistir
Destes corpos altos, esguios,
Produto de um qualquer pacto com o diabo.
Embora tão bálticas, não por isso menos gregas;
Cépticas, custa-lhes a crer que o sol italiano
Seja tão incondicional na sua graça,
Que o céu possa ser tão sem censura.
Foram amamentadas a convicções profundas
E agora não acreditam em nada,
Não acreditam sequer na sua vida passada.


Les jeunes estoniens, par exemple,
Pour qui l'avenir est un concept illégal,
Sont pressés, pressés de tout.
Pour eux, le temps est, de fait,
Une relativité de l'espace,
Qu'ils boivent à longs traits –
Aujourd'hui, Paris, demain, le Népal,
Après-demain, l'Australie.
Il ne veulent être lié par rien,
Ni Dieu, ni amour, ni maisons.
Ils apprennent à exprimer leurs sentiments en français
À être servi par un sommelier,
Mais aiment à dire qu'ils n'ont point d'âme,
N'en ont jamais eu – prohibée depuis des décennies,
Et ils finissent par s'étioler, se délestant
De ces grands corps, graciles,
Produit de quelque pacte avec le diable.
Encore que très baltique, et pas moins grec pour autant ;
Sceptiques, ils ont du mal à croire que le soleil italien
Soit aussi inconditionnel dans sa grâce,
Que le ciel puisse être aussi peu censuré.
Ils ont été nourris au lait de convictions profondes
Et maintenant, ils ne croient plus en rien,
Ils ne croient même plus en leur vie passée.


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Tom C. Fredo - This moment
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A romena Liana era como um fósforo...


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A romena Liana era como um fósforo...
Liana la roumaine était comme une allumette...


A romena Liana era como um fósforo –
Breve e triste na muita escuridão.
A primeira vez que a vi
Foi de fugida no corredor,
Arriscando-se ao trânsito
Entre o quarto e a casa de banho,
Alma penada em trajes menores.
Encontrámo-nos outras vezes –
À mesa; cruzámo-nos num museu –,
Mas não sei se a vi realmente,
Se conversámos, ou se Liana
Já tinha escolhido apagar-se,
Como só os fósforos podem.
...

Liana la roumaine était comme une allumette –
Triste et brève dans beaucoup d'obscurité.
La première fois que je l'ai vue
Elle s'est enfuie dans le couloir,
Prenant le risque d'un transit
Entre la chambre et la salle de bain,
Âme en peine en petite tenue.
Nous nous revîmes d'autre fois –
À table ; nous croisant dans un musée –
Mais je ne sais si je l'ai vue réellement,
Si nous avons parlé, ou si déjà
Liana avait choisi de disparaitre,
Comme seuls savent le faire les allumettes.
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Fernand Khnopff
I lock my door upon myself (Je ferme ma porte sur moi-même)
(1891)

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Brinquei, pela calada...


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Brinquei, pela calada...
J'ai joué, en secret...


Brinquei, pela calada, em sítios proibidos -
Na eira, no coradouro, perto das orquídeas.
Na eira, quando o milho era ouro,
Perto das orquídias, flores difíceis e petulantes,
No coradouro, quando a roupa branca
Secava à brandura do ar,
Que depois se estendia ao corpo.
E então tinhamos, eu e os meus primos, o perfume dos anjos,
Como nos chamavam, com a desrazão do amor,
Avós e tias. Mas os anjos,
Se outros há para além da nossa melhor natureza,
Brincam em sítios proibidos,
Como nós no coradouro,
Onde também jaziam os ossos de cães amados,
Tentam atravessar a pé o pousio das águas,
Sem saberem que o rio pode ser
Um mal tranquilo, não menos predador.
Apenas sofrem de nódoas negras sem metafísica
E de um leve tremor da primeira sombra sexuada.
Em breve começamos a roubar fruta e beijos,
brincando sempre à socapa em sítios proibidos,
mas incapazes de conter o alvoroço -
Então avós e tias chamavam-nos
Demónios, diabretes, mafarricos.
A infância começava a ser uma impostura,
Não sabíamos ainda, não ainda,
Que já tinhamos sido expulsos do paraíso.


J'ai joué, en secret, dans des lieux interdits -
Sur l'aire, dans l'étendoir, près des orchidées.
Sur l'aire, où le maïs était d'or,
Près des orchidées, fleurs effrontées, difficiles,
Dans l'étendoir, où les vêtements blancs
Qui ont séché à la faveur de l'air,
Viennent ensuite s'étendre sur le corps.
Aussi nous avions, mes cousins et moi le parfum des anges,
Comme nous appelaient, avec la déraison de l'amour,
Nos oncles et tantes. Mais les anges,
S'il en existe au-delà de notre meilleure nature,
Jouent dans des lieux interdits,
Comme nous dans l'étendoir,
Là où gisent aussi les os des chiens bien-aimés ;
Ils essaient de traverser à pied la friche des eaux,
Sans savoir que la rivière peut être
Un mal tranquille, mais non moins prédateur.
Ils souffrent seulement d'ecchymoses sans métaphysique
Et du léger tremblement de la première ombre sexuelle.
Et nous allions bientôt dérober fruits et baisers,
Jouant en catimini toujours dans les lieux interdits,
Mais incapable de contenir le trouble.
Oncles et tantes alors nous appelaient
Petits diables, démons, chameaux.
L'enfance commençait à être une imposture,
Nous ne le savions pas encore, pas encore,
Mais nous avions déjà été expulsés du paradis.


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Henri Matisse
Le Bonheur de vivre
(1905–1906)
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A romã é um fruto ofegante...


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A romã é um fruto ofegante...
La grenade est un fruit haletant


A romã é um fruto ofegante –
A custo contém uma doçura
Redonda, intensa, repartida igualmente
Por câmaras, aposentos que, como favos,
Acolhem a língua, a envolvem;
E, embora sendo ofegante,
A doçura impassível da romã
Exige ser procurada e encontrada,
Exige paciência, minúcia, método, jogo,
Um tacto cauto que se demore,
Embora só a língua seja guia
E leve roubada a recompensa que lhe é dada,
Sem arrogância – um modesto bago –,
Para logo renovar a sua maré
Ao longo de outras nervuras,
Cruzando todas as direcções possíveis.
Tudo depende da escala do desejo,
Do desejo que se conseguir condensar
Numa ínfima carícia, e delicada.
...

La grenade est un fruit haletant –
Avec difficulté, elle renferme une douceur
Mafflue, intense, également réparti
Dans des chambres, alvéoles qui ont des fèves
Qui s'accolent à la langue, et l'enveloppent ;
Et bien qu'étant à bout de souffle,
La douceur impassible de la grenade
Exige qu'elle soit recherché et trouvé,
Elle exige patience, minutie, méthode, adresse,
Un toucher de prudence qui se retient,
Encore que seule la langue ait servi de guide
Et, voleuse, ait saisi sans arrogance la récompense
Qu'on lui donne – un modeste grain –,
Pour, plus tard, renouveler sa vague
Au long des autres côtes,
Et parcourir toutes les directions possibles.
Tout va dépendre de l'ampleur du désir,
Du désir, s'il parvient à se condenser
Dans cette infime, et si délicate caresse.
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Sandro Botticelli
Madonne à la grenade (1487)
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27 de novembro de 1912


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27 de novembro de 1912
27 novembre 1912


Em poucos minutos, estava tudo acabado:
A vida e, com ela, a eternidade.
Começava a esbrasear a longa ficção
Do que foi, cedo labareda,
E o grande incêndio do que resta
Contra a treva no quarto, no piano, no jardim.

En quelques minutes, tout fut terminé :
La vie et, avec elle, l'éternité.
Commença à s'embraser la longue fiction
De ce qui fut, avant l'heure en flammes,
Et le grand incendie de ce qui reste
Contre les ténèbres de la pièce, le piano, le jardin.

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Frédéric Henri Schopin
L'incendie de l'aile de la Comédie en 1856
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Lustral pensar...


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Lustral pensar...
Penser lustral...


Lustral pensar que poderíamos despojar-nos
De tudo, sem grande pena, sem grande perda,
Alijar todos estes objectos cuja posse
Também nos obera, que nos mantêm também
Em densos modos de espera, ansiedade, vigília.
Lustral sonhar com essa liberdade,
Levá-la mesmo mais longe, estendê-la
À massa parda de contornos, vultos,
Formas pregnantes de nós mesmos
Mergulhadas num amarelo-tempo
Ou numa sombra-sangue,
E é talvez com isso que sonhamos,
Sob pretextos mais ou menos exteriores –
Sacudir o lastro, o peso, o pó,
Que para nós mesmos somos.

Penser lustral, que nous pourrions nous dépouiller
De tout, sans grande peine, sans grande perte,
Se délivrer de tous ces objets dont la possession
Aussi nous obère, nous maintient aussi
Dans un état de veille intense, anxieux, vigilant.
Un songer lustral, avec cette liberté,
Emporte-la plus loin, oui, et même étend-la jusqu'
À la masse brune des contours, des figures,
Formes prégnantes de nous-mêmes
Détrempées dans un temps-jaune
Ou dans une ombre-du-sang,
Et c'est peut-être ainsi que nous rêvons,
Sous des prétextes plus ou moins extérieurs –
À secouer le ballast, le poids, la poussière,
Que nous sommes pour nous-mêmes.

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David López
Catharsis (2013)
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Uma sirene de fábrica...


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Uma sirene de fábrica...
Une sirène d'usine...


Uma sirene de fábrica, um alarme na rua –
A fala mansa, sob aparência estrídula,
De uma tessitura em que o mundo é, a um tempo,
Insecto e teia, só com mera mudança de turno,
Mas continuando a perseguir pelo menos
A existência de mais um instante.
Sobre esta tessitura, a outra, gelada,
Uma dispersão de pontos,
A margem pênsil, afinal uma linha,
Onde o espaço é funâmbulo
E, à sua volta, um negro amniótico
Que dorme o sono dos náufragos,
Sem sonhos, ou em devir,
Uma massa compacta
De restos de sóis, mundos extintos,
Flutuando sem deriva,
Encontrando o lugar exacto
Que lhes pertence no esqueleto invisível.

Une sirène d'usine, une alarme dans la rue -
La voix docile sous des apparences stridulantes,
D'une tessiture en laquelle le monde est, à la fois,
Insecte et toile, juste avec un simple changement de quart,
Mais continuant de poursuivre son existence,
Ne serait-ce qu'un instant de plus.
Sur cette tessiture, l’autre, glaciale,
Une dispersion de points,
la marge en suspension, finalement un fil,
Où l’espace est funambule
Et, alentour, un noir amniotique
S'endormant du sommeil des naufragés,
Sans rêves, ni devenir,
Une masse compacte
De soleils, de mondes éteints,
Flottant sans dérive,
Trouvant l'endroit exact
Qui leur appartient dans le squelette invisible.

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Tobia Ravà
Système entropique, Harmonie universelle (2015)
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Sem ti, dei cada passo...


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Sem ti, dei cada passo...
Chaque pas sans toi, me laisse...


Sem ti, dei cada passo como cego
Em terra estrangeira,
Respirei a ignescência do ar
Até que, enfim, tudo,
Quanto foi e o mais que não foi,
Se elevou num bando espantado,
Leve, levado para fora do tempo
A que já não pertence,
Extinto o tanto de mim que me emprestaste.

Chaque pas sans toi, me laisse aveugle
sur une terre étrangère,
J'ai respiré la combustion de l'air
jusqu'à ce que, finalement, tout,
aussi bien ce qui fut que ce qui ne fut pas
s'éleva, troupeau stupéfait,
Léger, emporté hors du temps
auquel je n'appartiens plus déjà, et que
s'éteigne en moi ce dont tu me créditais.

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Roberto Matta (1963)
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Últimos Poemas (2009)

Ilustrações de Rasa Sakalaité




Edições QUASI