Présentation du blog / Presentazione del blog

« Questo blog nasce da una grande passione per la poesia e per i poeti di lingua portoghese. Qui troverete poesie e prose poetiche seguite dalla traduzione in italiano e francese ».

« Este blogue brota de uma grande paixão pela poesia e pelos poetas da língua portuguesa. Aqui vocês encontrarão poemas e prosas poéticas, acompanhados da sua tradução em italiano e francês ».

« Ce blog est né d'une grande passion pour la poésie et les poètes de langue portugaise et a pour vocation de vous les faire découvrir. Vous trouverez ici les poèmes, en vers ou en prose, de poètes de tous horizons, accompagnés de leur traduction en italien et en français ».


 ACTUALITÉS DU BLOG / NOTIZIE SUL BLOG



Ainda que tu estejas aí…


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José Luís Peixoto »»
 
A Criança em Ruínas (2002) »»
 
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Ainda que tu estejas aí...
Anche se tu fossi lì…


ainda que tu estejas aí e tu estejas aí e
eu esteja aqui estaremos sempre no
mesmo sítio se fecharmos os olhos
serás sempre tu e tu que me ensinarás
a nadar seremos sempre nós sob
o sol morno de julho e o véu ténue
do nosso silêncio será sempre o
teu e o teu e o meu sorriso a cair
e a gritar de alegria ao mergulhar
na água ao procurar um abraço que
não precisa de ser dado serão
sempre os teus e os teus e os meus
cabelos molhados na respiração
suave das parreiras sempre as tuas
e as tuas e as minhas mãos que não
precisam de se dar para se sentir
ainda que tu estejas aí e tu estejas aí e
eu esteja aqui estaremos sempre
juntos nesta tarde de sol de julho
a nadarmos sob o planar sereno dos
pombos no tanque pouco fundo da
nossa horta sempre no tanque fresco
da horta que construíram para nós
para que na vida pudéssemos ser
mana e mana e mano para sempre
anche se tu fossi lì e tu sei lì e
io fossi qui staremo sempre nello
stesso posto se chiudiamo gli occhi
sarai sempre tu e tu che mi insegnerai
a nuotare saremo sempre noi sotto
il tiepido sole di luglio e il velo tenue
del nostro silenzio sarà sempre il
tuo e il tuo e il mio sorriso che si spegne
e grida di gioia nel tuffarsi
nell’acqua aspettandosi un abbraccio che
non occorre sia dato saranno
sempre i tuoi e i tuoi e i miei
capelli bagnati nel respiro
dolce dei vigneti sempre le tue
e le tue e le mie mani che non
hanno bisogno di stringersi per sentirsi
anche se tu fossi lì e tu sei lì e
io fossi qui staremo sempre
vicini in questo pomeriggio di sole di luglio
nuotando sotto la serena planata dei
colombi nello stagno poco profondo del
nostro giardino sempre nello stagno fresco
del giardino ch’era stato creato per noi
affinché nella vita potessimo essere
sorella e sorella e fratello per sempre
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Otto Müller
Giorno d’estate - Sommertag (1921)
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AUTEUR SUIVI / AUTORE SEGUITO



Nuno Rocha Morais

Nuno Rocha Morais (Porto, 1973 – Luxemburgo, 2008) foi um poeta português. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Ingleses) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1995.

O Velho da Montanha


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O Velho da Montanha
Le vieux de la montagne


Tudo não é muito. Há para além disso
E um rio corre depois de acabar.
Seja como for, a importância esfolha-se
E a árvore aprende a não amar
As suas folhas, ou não demasiado –
Só o bastante para que nasçam.
Vim para ser como as pedras,
Mas ainda não alcancei esta ciência.
Há ecos, transportes, nada que seja muito;
Precisamente, um rio corre para além disso,
Até ao último fim, o último dia
Chegando à primeira noite
E mais nada precisamente.
É verdade, arrefece. Tudo se torna mais lento.
Mas há coisas que ainda voltam. Coisas.
Já não sei o que são ou como se dizem.
Às vezes, a minha memória não se deixa lembrar;
Outras, acorda luzes que não aconteceram
E, então, és tu que me guias –
Às vezes, estás viva, outras morta,
Porque eu não sei e a memória mo esconde. Coisas.
Que não voltem. Diz-lhes.
E aos outros, diz-lhes que não os abandonei,
Sei onde estão e não os guardo em túmulos.
Diz-lhes, se puderes, que a minha vida foi justa,
Tão-pouco te abandonei a ti. Diz-lhes:
Se te deixei, a isso me obrigou
A usura de outros amores que eram teus,
Diz-lhes a verdade que puderes,
Diz-lhes do paraíso o que vires,
Porque aí hão-de viver,
Na margem que lhes deres
De uma luz que não cesse,
De uma luz que depende de ti,
Se findares, o milagre extingue-se.
O que hás-de dizer é outra coisa,
A mesma coisa sempre nova.
O que te hão-de dizer é a mesma coisa:
A peste no coração, nunca além disso.
Por favor, não voltes. Já sabes tudo.
Que te amo. Deixa-me agora
Cegar, secar, ser parte da montanha.
Enquanto ela não me toma,
Ser nada mais do que este relevo
De veias e ossos,
E o odor senil de urina.

Tout n'est pas grand chose. Il y a plus, au-delà
Et la rivière à la fin continue de couler.
Quoi qu'il en soit, il importe de s'en défaire
Et l’arbre apprend à ne pas aimer
Ses feuilles, ou sans excès –
Juste ce qu'il faut pour qu'elles naissent.
Je suis venu pour être comme les pierres,
Mais je n'ai pas encore atteint à cette science.
Il y a des échos, des transports, pas grand chose ;
Une rivière justement, qui coule au-delà
Jusqu'à la fin dernière, jusqu'au dernier jour
Arrivant à la première des nuits
Mais jamais précisément.
C'est vrai, il fait froid. Tout devient plus lent.
Mais il y a des choses qui reviennent encore. Des choses.
Je ne sais ce qu'elles sont, ni comment les dire.
Parfois, ma mémoire a perdu ses souvenirs.
Parfois, elle éveille des lumières qui sont des ombres,
Et c'est toi qui me guides alors –
Parfois, tu es vivante, d'autres fois tu es morte,
Je ne sais, car la mémoire me le cache. Des choses.
Qui ne reviennent pas. Dis-les.
Et aux autres, dis-leur que je ne les ai pas abandonnés,
Je sais où ils sont, sans les garder dans des tombeaux.
Dis-leur, si tu peux, que ma vie a été juste,
Je ne t'ai pas abandonné, à toi non plus. Dis-leur :
Si je te quittais, cela m'obligerait
à faire usage d'autres amours qui sont les tiennes,
Dis-leur la vérité que tu pourras,
Dis-leur du paradis tout ce que tu vois,
Car alors ils devront vivre
Dans la marge que tu leur donnes
D'une lumière qui ne cesse pas,
D'une lumière qui dépend de toi,
Si tu restes, le miracle s'éteint.
Ce qu'ils diront est autre chose.
La même chose toujours nouvelle.
Ce qu'ils te diront est la même chose :
La peste dans le cœur, jamais au-delà.
S'il te plait, ne reviens pas. Déjà tu sais tout.
Tu sais que je t'aime. Maintenant laisse-moi
Sec, aveugle, être une partie de la montagne.
Avant qu'elle ne me prenne,
De n'être rien d'autre, que ce modelé
De veines et d'os,
Et cette sénile odeur d'urine.

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Le Caravage
Saint Jérôme (1605-1606)
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Últimos Poemas (2009)

Ilustrações de Rasa Sakalaité




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