Présentation du blog / Presentazione del blog

« Questo blog nasce da una grande passione per la poesia e per i poeti di lingua portoghese. Qui troverete poesie e prose poetiche seguite dalla traduzione in italiano e francese ».

« Este blogue brota de uma grande paixão pela poesia e pelos poetas da língua portuguesa. Aqui vocês encontrarão poemas e prosas poéticas, acompanhados da sua tradução em italiano e francês ».

« Ce blog est né d'une grande passion pour la poésie et les poètes de langue portugaise et a pour vocation de vous les faire découvrir. Vous trouverez ici les poèmes, en vers ou en prose, de poètes de tous horizons, accompagnés de leur traduction en italien et en français ».


 ACTUALITÉS DU BLOG / NOTIZIE SUL BLOG



Saudades de Alexandria


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Tolentino de Mendonça »»
 
Longe não sabia (1997) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Saudades de Alexandria
Nostalgia di Alessandria


Posso dizer a idade da sombra
onde o nome repousa
mas é um jogo mortal
deixar esse abismo
descoberto
alguém pode encontrar a morte

Posso dizer: recuperem dos espelhos
as sublimes imagens
tragam-me a beleza antiga
um dia incendiada

Ah tenho saudades de Alexandria
onde os poemas se escreviam
para o fogo
o único recitador tão perfeito
que não se repete.
Posso dire l’età dell’ombra
ove il nome riposa
ma è un gioco mortale
lasciare quest’abisso
scoperto
qualcuno potrebbe trovarvi la morte

Posso dire: recuperate dagli specchi
le immagini sublimi
riportatemi l’antica bellezza
un giorno incendiata

Ah ho nostalgia di Alessandria
ove si scrivevano le poesie
per il fuoco
l’unico declamatore così perfetto
che non richiede repliche.
________________

Ceramica di Aslı Çavuşoğlu
Mucem, Marsiglia. I due volti di Alessandria (2013)
...

AUTEUR SUIVI / AUTORE SEGUITO



Nuno Rocha Morais

Nuno Rocha Morais (Porto, 1973 – Luxemburgo, 2008) foi um poeta português. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Ingleses) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1995.

Quando a meia-noite começa...


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Italien »»
«« 54 / Sommaire (55) / 56 »»
________________


Quando a meia-noite começa...
Quand la mi-nuit commence...


Quando a meia-noite começa a beber as almas,
Quando os copos ganham fundo
E para muita desta fauna nocturna
O mundo parece mais próximo do fim,
Eis chegada a hora de Jean-Claude;
A hora escondida pelo dia inteiro,
A hora de ajudar Maria, a bela de serviço,
Nas últimas tarefas do bar antes do fecho.
Não importa o que digam:
Se é demência de velho, se é ridículo,
Se é patético, se é risível, se é confrangedor.
Deixar esses juízos para as vidas secas
Que se comprazem nos aforismos sobre a solidão,
Como há tanta e como é triste. Que lhes preste.
Jean-Claude nada pede a Maria,
Ou apenas, tacitamente, que se deixe amar um pouco.
Maria nada oferece a Jean-Claude,
Salvo um arisco e moreno deixar-se amar,
Um deixar-se amar fugindo, como de ninfa.
Este é um amor que merece muitos amigos.
Todas as noites, à saída, alguém descobre uma lágrima
No rosto de Jean-Claude, mais pura
Do que um sapato de cristal numa escadaria.

Quand la mi-nuit commence à boire les âmes,
Quand elle atteint le fond des verres,
Le monde, pour une part de cette faune
Nocturne, semble se rapprocher de la fin.
Voici l'heure de Jean-Claude ;
L'heure escamoté par tout le jour,
L'heure où l'on aide Marie, la beauté du service,
À ses derniers travaux avant la fermeture du bar.
Peu importe ce que l'on dit :
La démence d'un vieux, est-ce ridicule,
Est-ce pathétique, risible, est-ce affligeant,
Laissons ces jugements à des vies étriquées
Qui se complaisent aux aphorismes sur la solitude,
Et il y en a tant et comme c'est triste. Laissons-les.
Jean-Claude ne demande rien à Marie,
Ou peut-être, tacitement, qu'elle se laisse un peu aimer.
Marie n'offre jamais rien à Jean-Claude,
Sauf, brune et rétive, un peu du « se laisser-aimer »
Se laisser-aimer et s'enfuir, comme une nymphe.
C'est un amour qui mérite beaucoup d'amis.
Chaque nuit, à la fermeture, quelqu'un découvre une larme
Sur le visage de Jean-Claude, plus pure
Qu'un soulier de vair dans un escalier.

________________

Vincent van Gogh
Le café de nuit (1888)
...


Últimos Poemas (2009)

Ilustrações de Rasa Sakalaité




Edições QUASI