Présentation du blog / Presentazione del blog

« Questo blog nasce da una grande passione per la poesia e per i poeti di lingua portoghese. Qui troverete poesie e prose poetiche seguite dalla traduzione in italiano e francese ».

« Este blogue brota de uma grande paixão pela poesia e pelos poetas da língua portuguesa. Aqui vocês encontrarão poemas e prosas poéticas, acompanhados da sua tradução em italiano e francês ».

« Ce blog est né d'une grande passion pour la poésie et les poètes de langue portugaise et a pour vocation de vous les faire découvrir. Vous trouverez ici les poèmes, en vers ou en prose, de poètes de tous horizons, accompagnés de leur traduction en italien et en français ».


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Iniciação


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Iniciação
Iniziazione


Conheço o primeiro livro de poemas:
Eu
de Augusto dos Anjos.

Meu pai o tem entre
tratados de odontologia,
sem capa, velho, enferrujado.

De ortografia esquisita, leio
como se adentrasse um círculo onde
o tempo é outro, feito de palavras
estranhas, como que odontologizadas
pelo contato físico.

Livro misteriosíssimo,
no qual a morte é o superlativo
síntese de tudo, absoluta
como minha preguiça
de ir ao dicionário decifrar vocábulos
Conosco il primo libro di poesie:
Eu
di Augusto dos Anjos.

Mio padre lo tiene tra
i trattati di odontologia,
senza copertina, vecchio, rugginoso.

L’ortografia è ricercata, leggo
come se m’addentrassi in un circolo dove
il tempo è diverso, fatto di parole
strane, come se odontologizzate
dal contatto fisico.

Libro misteriosissimo,
nel quale la morte è l’apogeo
sintesi di tutto, assoluta
come la mia pigrizia
nell’usare il dizionario per decifrare i vocaboli.
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Augusto dos Anjos - Eu (1912)

Il bacio, amico, è il preludio d’uno sputo
La mano che accarezza è la stessa che lincia
...

AUTEUR SUIVI / AUTORE SEGUITO



Nuno Rocha Morais

Nuno Rocha Morais (Porto, 1973 – Luxemburgo, 2008) foi um poeta português. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Ingleses) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1995.

O mistério da prima Mirandolina


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O mistério da prima Mirandolina
Il mistero della cugina Mirandolina


A tarde é de antepassados.
Mais uma geração e nunca terão existido:
A rapariga de catorze anos,
Minha futura trisavó,
Já não terá vindo casar com o capitão,
Quarenta anos mais velho,
Já ninguém conhecerá a estampa
Do terrível Leão de Florença,
Que, algures no futuro,
Jamais terá sido pintada.
Não havia, portanto, nenhuma razão
Para que alguém se lembrasse
Da prima Mirandolina.
Não se sabe por que sangue entrou na família;
Não casou, não deixou descendência;
Rebuscam-se fotografias – nem uma.
Lembranças, poucas: teria um rosto
Muito branco, gorducho, coberto de verrugas.
E um nome incomum, que talvez a salve.
Mas salvá-la de quê?
Já está por certo muito para além
De trivialidades como a salvação
E todos os possíveis contrapontos.
Podia bem não ter existido,
Mas existe. Alguém, repetindo as sílabas
Do seu nome, como quem remira uma gema,
Sondará de novo, e de novo em vão,
O mistério da prima Mirandolina.

La sera è degli antenati.
Ancora un’altra generazione e mai saranno esistiti:
La ragazzina di quattordici anni,
Mia futura trisavola,
Ormai non si sarà sposata col capitano,
Di quarant’anni più anziano,
Ormai nessuno si ricorderà dell’incisione
Del terribile Leone di Firenze,
Che, a un certo punto del futuro,
Non sarà mai stata disegnata.
Non ci sarebbe, dunque, nessuna ragione
Per cui qualcuno si ricordi
Della cugina Mirandolina.
Non si sa grazie a che sangue entrò in famiglia;
Non si sposò, non lasciò discendenza;
Se si cercano fotografie – neanche una.
Ricordi, pochi: pare avesse un viso
Molto bianco, paffuto, coperto di verruche.
E un nome insolito, che forse la salva.
Ma la salva da che?
Ormai si trova di sicuro molto oltre
Quelle banalità come la salvazione
E tutti i suoi possibili contrappunti.
Potrebbe anche non essere mai esistita,
Ma esiste. Qualcuno, ripetendo le sillabe
Del suo nome, come chi rimira una gemma,
Indagherà di nuovo, e di nuovo invano,
Il mistero della cugina Mirandolina.

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Gerard Richter
Ella (1964)
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Últimos Poemas (2009)

Ilustrações de Rasa Sakalaité




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