Présentation du blog / Presentazione del blog

« Questo blog nasce da una grande passione per la poesia e per i poeti di lingua portoghese. Qui troverete poesie e prose poetiche seguite dalla traduzione in italiano e francese ».

« Este blogue brota de uma grande paixão pela poesia e pelos poetas da língua portuguesa. Aqui vocês encontrarão poemas e prosas poéticas, acompanhados da sua tradução em italiano e francês ».

« Ce blog est né d'une grande passion pour la poésie et les poètes de langue portugaise et a pour vocation de vous les faire découvrir. Vous trouverez ici les poèmes, en vers ou en prose, de poètes de tous horizons, accompagnés de leur traduction en italien et en français ».


 ACTUALITÉS DU BLOG / NOTIZIE SUL BLOG



A emoção é como um pássaro...


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
Reinaldo Ferreira »»
 
Livro I - Um voo cego a nada (1960) »»
 
Italien »»
«« précédent / Sommaire / suivant »»
________________


A emoção é como um pássaro...
L’émotion est pareil à l'oiseau...


A emoção é como um pássaro:
Quando se prende já não canta.
Mas se a gente a liberta,
Qualquer janela aberta
Lhe serve para fugir.
O poeta é aquele que numa praça
S. Marcos de Veneza transcendente,
E de todas as praças, praça ainda,
Aguarda na manhã que se insinua
Ou na tarde que finda
O voo que há-de vir.
Ele estende a mão,
Abre-a espalmada
Ao céu,
Que à anunciação de tudo ou nada
A emoção virá ou não
- Sem emoção, toda a poesia é nada -

Fiel à Anunciação que está marcada
Na sua condição.
L’émotion est pareil à l'oiseau :
Enfermé, il ne chante plus.
Mais si on le libère,
Toute fenêtre ouverte
Lui sert à s’échapper.
Le poète est celui qui, sur une place
Transcendée San Marco de Venise ,
Et depuis toutes les places, place toujours,
Attend le matin qui s’insinue
Ou quand le soir s'achève,
L'envol qui doit venir.
Tendant la main,
Il ouvre sa paume
Vers le ciel,
Qui, à l’annonce de tout ou de rien
Verra l’émotion venir ou non
– Sans émotion, la poésie n’est rien –

Fidèle à l’Annonciation qui est la marque
De sa condition véritable.
________________

Parvati
Mur de la rue Oberkampf, Paris (2020)
...

AUTEUR SUIVI / AUTORE SEGUITO



Nuno Rocha Morais

Nuno Rocha Morais (Porto, 1973 – Luxemburgo, 2008) foi um poeta português. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses e Ingleses) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1995.

Com um punhal, de noite...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 59 / Sommario (60) / 62 »»
________________


Com um punhal, de noite...
Con un pugnale, di notte...


 Cracóvia, 1914

Com um punhal, de noite,
Com um punhal, alguém bate,
Sem cessar, no umbral.
A terra é uma língua verde,
A infância, um veado azul.
Com um punhal, de noite,
Com um punhal, alguém bate,
Sem cessar, nas paredes dos quartos.
O inferno é o rosto da tua mãe,
O inferno é o rosto da tua irmã,
Pedra e anjo e bosque.
O relógio de sol marca sempre meia-noite,
A tua alma foi com a música
Colher bagas, que esmaga no corpo –
Azuis, vermelhas, violetas.
A cidade é toda vielas
Entre as mandíbulas das muralhas
E os caninos das torres;
A única luz é de archotes plangentes
E jamais se cansam os cortejos fúnebres,
Coro de passos em ranger de gravilha.
Com um punhal, de noite,
Com um punhal, alguém bate,
Sem cessar, à tua cabeceira.
Alguém te cobre com o frio.
Entrega-te nesses braços, confia –
Sabes que é o abismo..

 Cracovia, 1914

Con un pugnale, di notte,
Con un pugnale, qualcuno batte,
Senza sosta, alla porta.
La terra è una lingua verde,
L'infanzia, un cervo blu.
Con un pugnale, di notte,
Con un pugnale, qualcuno batte,
Senza sosta, sui muri delle stanze.
L'inferno è il viso di tua madre,
L'inferno è il viso di tua sorella,
Pietra e angelo e bosco.
L’orologio del sole segna sempre la mezzanotte,
La tua anima è andata a suon di musica
A far raccolta di bacche e se le stringe al corpo –
Blu, rosse, violette.
La città è tutta viuzze
Tra le mandibole delle mura
E i canini delle torri;
L'unica luce viene dalle torce piangenti
E instancabili sono i cortei funebri.
Coro di passi scricchiolanti sui ciottoli.
Con un pugnale, di notte,
Con un pugnale, qualcuno batte,
Senza sosta, al tuo capezzale.
Qualcuno ti ricopre di freddo.
Affidati a queste braccia, fidati –
Tu sai che è l’abisso.


________________

Umberto Boccioni
La carica dei lancieri (1915)
...


Últimos Poemas (2009)

Ilustrações de Rasa Sakalaité




Edições QUASI